Mario Draghi e Wolfgang Schäuble não estão em sintonia sobre as medidas económicas que devem ser tomadas na Europa. (fonte:(thetoc.gr)
O Presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi e o Ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble têm visões diferentes
sobre as medidas que devem ser tomadas para combater a falta de
crescimento económico na zona euro e o risco de deflação.
No
âmbito da reunião geral do FMI que decorre em Washington, Mario Draghi considera que o BCE está pronto para aprovar mais medidas que estimulem a
economia europeia.
"O BCE está preparado para alterar o
tamanho e/ou a composição das nossas intervenções não convencionais e
da nossa folha de balanços, se requerido", declarou na quinta-feira, 9
de Outubro, citado pela Bloomberg.
Por sua vez,
Wolfgang Schäuble atacou a política do BCE ao afirmar que “com esta
política monetária não vai ser possível resolver os problemas.”
"Eles
têm de ser resolvidos com as decisões dos governos nacionais, porque
não temos uma união económica e orçamental", acrescentou, insistindo que
"a política monetária apenas pode acomodar e comprar tempo", concluiu o ministro alemão.
O Governo Alemão anunciou que a economia do país vai crescer abaixo das previsões lançadas para 2014. Sigmar Gabriel, ministro da economia da Alemanha, apontou a crise da Ucrânia como a principal razão para um crescimento abaixo do esperado.
Apesar de não ser possível alcançar os números previstos pelo governo, o ministro afirma ainda assim, que a economia da Alemanha se mantem em valores “muito razoáveis” face às outras economias da Europa, e que o facto da Ucrânia se encontrar numa situação económica mais instável afectou os investimentos no país e nas relações comerciais com a Rússia.
O governo alemão lançou em Abril uma previsão que apontava para um crescimento de 1,8% na economia de 2014, valores que provavelmente não serão alcançados. Em agosto, dados oficiais mostram que o PIB da Alemanha contraiu 0,2%.
Unicef alerta que cerca de 500 mil crianças e jovens perderam o direito ao abono de família entre 2009 e 2012. A Unicef apela ao país para assegurar os direitos das crianças.
A ausência do abono de família, simultaneamente com a política de austeridade, está a fazer aumentar a taxa de risco de pobreza, que em 2011 estava nos 28,6%, segundo um relatório do organismo das Nações Unidas. Esta percentagem retrata o índice de pobreza em que vivem 46 mil famílias aos quais lhes foi retirado o direito ao rendimento social de inserção.
A Unicef tem recebido um maior número de pedidos de ajuda e assistência. Esta taxa de pobreza já está a afectar sectores como o da saúde, educação e alimentação. A Unicef apela ainda para o país assegurar os tratados internacionais a que se propôs, no que diz respeito aos Direitos das Crianças.
As respostas dadas no inquérito realizado pela Unicef serão discutidas em breve pela ONU.
Este inquérito demonstra a pobreza que as crianças portuguesas vivem, em que 25% das mesmas, sofrem com privação material comparativamente às crianças dos países mais desenvolvidos.
Portugal surge em 23º lugar numa lista que estudou as dificuldades de acesso das crianças de 26 países. Dados estes que surgem anteriormente aos efeitos da crise serem notados.
A chanceler alemã, Angela Merkel disse nesta terça-feira 30 de Abril, numa conferência de imprensa em Berlim, que não existe nenhuma contradição entre os planos de disciplina orçamental e os objectivos de crescimento económico,
Para Merkel “na Alemanha, a consolidação orçamental e o crescimento económico não são objectivos divergentes e têm que andar de mão dada para se conseguir maior competitividade e consequentemente mais emprego”. A chanceler insistiu ainda na ideia de que o principal objectivo é que “a Europa saia fortalecida depois desta crise”.
A conferência de imprensa realizou-se em conjunto com o novo primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, que criticou as políticas de austeridade levadas a cabo em vários países europeus. “Queremos ver se a Europa mostra a mesma determinação em atingir o crescimento, como a que mostra para manter fortes as finanças públicas” disse Letta.
Alemanha e Itália mostraram-se dispostas a manter fortes relações diplomáticas e a apostar mais nas suas relações económicas.
Pode assistir à conferência de imprensa na íntegra, aqui.
Apesar da crise financeira, Lagarde prevê um longo futuro para o euro (Foto: AFP)
A directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, elogiou o crescimento económico global, em especial nas economias emergentes. Citada pela Bloomberg, Lagarde afirmou que este crescimento deveu-se, em parte, à consolidação financeira dos EUA, e lembrou que, apesar dos sinais positivos, ainda existem riscos, especialmente no que toca à "recuperação desigual na Europa".
O discurso da directora do FMI, que teve lugar no Fórum de Boao, em Hainan, na China, centrou-se nos esforços que estão a ser feitos para resolver a crise europeia. Segundo Lagarde, "a vontade política colectiva em manter, defender, proteger e aumentar a zona monetária tem sido muito subestimada", aproveitando ainda para reforçar a hipótese para os eurobonds, que, segundo a própria, representam "claramente um dos próximos passos a ter em consideração", algo que não tem sido visto com bons olhos por parte da Alemanha. Apesar destas discordâncias, a directora do FMI, citada pela AFP, vê um "longo futuro" para o euro.
Christine Lagarde falou também da crise no Chipre, que considera um "caso muito específico em vários aspectos", como por exemplo a importância do sector bancário na economia do país. Lagarde considera que, dado esses factores, o Chipre não deve "ser um exemplo de como assuntos dessa natureza devem ser tratados" e que o FMI vai contribuir com cerca de mil milhões de euros para o seu programa de resgate, que considera um desafio.
Quando questionada sobre a probabilidade de futuras crises, Lagarde afirmou não ter "uma bola de cristal". Ainda assim, espera que não haja "nenhum país à beira de precisar de ajuda de parceiros europeus e do FMI".
Com a intenção de controlar as finanças e economizar dinheiro, os portugueses estão poupando mais do que investindo. Tanto os cidadãos, quanto as empresas de Portugal estão seguindo essa tendência e esperando o melhor momento para voltar a investir.
Portugueses estão poupando mais e investindo menos
O relatório de estabilidade financeira elaborado pelo Banco de Portugal (BdP) alertou que os riscos, gerados pela crise, permanecem e que as pessoas e companhias vão continuar a investir muito pouco – ou, até mesmo, nada. O BdP, apontou ainda que, por conta das baixas expectativas para o rendimento, ocasionado pela subida dos impostos, a melhor opção dos portugueses é poupar mais.
Ainda é necessário pensar antes de investir
Um fato que também chama a atenção é que as empresas e famílias ainda representam risco para a estabilidade financeira do país, pois, mesmo com toda a capacidade para investir, os particulares e companhias continuam a perder rendimentos.
Isso se deve pelo motivo de que, nos próximos trimestres, as empresas deverão continuar com maiores níveis de inadimplência e, consequentemente, os bancos poderão ter mais perdas na carteira de créditos.
A crise financeira instalada no país é apontada como principal motivo de preocupações dos portugueses, provocando noites mal dormidas a mais da metade da população. Essa é a principal conclusão do estudo “What Keeps you awake at night” – O que o mantém acordado à noite, promovido pela companhia de seguros Zurich em oito países europeus.
40% dos portugueses apontam o desemprego como principal causa da insônia
Saúde, trabalho, filhos e a atual situação política também foram motivos destacados por causar falta de sono. Segundo a pesquisa realizada com cerca de quinhentas pessoas, 47% se preocupa com os filhos, 37% com a gestão familiar, 30% a pressão no trabalho e 28% com a situação política. Mas o que mais assusta na pesquisa é que cerca de 40% dos portugueses identificaram o desemprego decorrente da atual situação como principal causa da insônia, enquanto aproximadamente 32% indicaram a pobreza.
Apenas 9% se preocupa com a felicidade
Quando questionados sobre qual o bem que gostariam de assegurar, a saúde foi colocada em primeiro lugar, sendo resposta de 85% da população, a estabilidade financeira e o emprego ficaram depois com 40% e 32% respectivamente. Já o número mais baixo entre as respostas, foi de 9% da população que identifica a felicidade como fator que gostaria de garantir.
Os resultados, obtidos através de 4.522 entrevistas em oito países (Reino Unido, Suiça, Espanha, Alemanha, Áustria, Itália, Rússia e Portugal), apresentam grandes variações que devem ser baseadas na atual crise econômica e social que cada país passa. Na Alemanha, Áustria e Suíça, por exemplo, onde a situação se encontra mais estável, as preocupações estão centradas na vida privada, como o relacionamento com a família, parceiros e vizinhos.
Para entender como funciona a pesquisa, a seguradora Zurich explica mais no vídeo a seguir.
Numa visita à fábrica da Sicasal no concelho de Mafra, Passos Coelho declarou que o que aconteceu a Portugal não foi um imprevisto. O chefe do governo disse que apesar da crise é necessário evitar que os portugueses caiam num pessimismo apesar das medidas de austeridade.
Passos Coelho visitou a fábrica que ardeu à um ano
O Primeiro-Ministro afirmou que todos têm que lutar de “forma intensa contra as adversidades" pedindo um consenso político e social. Passos Coelho disse que não tem dúvidas de que o programa de ajustamento terá sucesso, no entanto, afirma que até chegar esse momento será difícil.
O chefe do executivo respondeu ainda a várias perguntas dos jornalistas. Entre as quais foi questionado sobre o número de detenções na greve-geral, o Primeiro-Ministro disse que ainda não tinha informação.
Passos Coelho declarou que “não existe intenção de criar tensões desnecessárias” pois em Portugal não é preciso esse tipo de situações. O primeiro-ministro disse ainda que não tem os números de participação na greve e recusou entrar em conflitos.
Passos Coelho questionado sobre a greve-geral negou qualquer nervosismo por parte do Governo. Disse ainda que se aconteceu algum incidente então terá que ser justificado.
Angela Merkel visita Portugal esta segunda-feira. A PSP prepara-se para reforçar o policiamento nas ruas e será responsável pela protecção pessoal da chanceler alemã.
Várias ruas de Lisboa ficarão interditas ao trânsito e aos peões. Numa conferência à comunicação social, a porta-voz subcomissária da polícia, Carla Duarte, garantiu hoje que a PSP está preparada para todas as manifestações que possam surgir, numa «operação policial cuidada». Sem revelar o número de agentes destacados a subcomissária informou que se tem «de averiguar todas as possibilidades neste tipo de situações» e por isso será montado um dispositivo de segurança junto à residência oficial do primeiro-ministro, bem como na Assembleia da República, na Presidência da República e no Centro Cultural de Belém (CCB).
Durante uma curta visita de cinco horas e meia, Merkel tem como principal propósito a formação profissional na sequência da assinatura do protocolo com a Alemanha. A chanceler almoçará com Passos Coelho e será recebida por Cavaco Silva. No programa da visita consta ainda um debate no CCB que contará com a presença de empresários portugueses e alemães
No próximo dia 12, a avenida da Índia, entre o CCB e a Presidência da República, vai estar cortada ao trânsito a partir das 08:30 de segunda-feira.
Angela Merkel afirmou ontem, no Parlamento Europeu em Bruxelas, que Portugal não tem condições financeiras para combater o desemprego.
A chanceler alemã disse que Portugal e Espanha não investem o suficiente na formação profissional, o que seria uma mais-valia para combater o desemprego. Contudo reconhece que não lhes pode pedir para usarem fundos comunitários para o fazerem porque "não têm financiamento", avançou o Económico.
Sob críticas dos deputados de Esquerda, a chanceler ainda foi mais longe e considerou que "não é digno" que exista "50 % de desemprego jovem" na União Europeia. Os deputados também a receberam à entrada do Parlamento com "posters" a dizer "austeridade mata".
Merkel argumentou que as reformas anteriores, criticadas pela esquerda, também resultaram. Foto: Flickr
Em Portugal preparam-se protestos contra a visita da Chanceler alemã daqui a cinco dias. O protesto "A Merkel não manda aqui" pretende dizer que "não estamos à venda, apesar de a incompetente liderança do nosso país não ter qualquer pudor em entregar-nos ao desbarato".
Como adianta o "Jornal de Negócios", há probabilidade de existir violência durante a visita de Merkel. Contudo, os organizadores do protesto desvalorizam os alertas: "Houve manifestações com centenas de milhares de pessoas na rua e nunca descambou", defendeu Rui Franco, um dos responsáveis pelo movimento.
A visita de Merkel a Portugal está marcada para daqui a cinco dias.
A crise económica e as medidas de austeridade têm estado a
agravar a taxa de desemprego em Espanha. Segundo o Instituto Espanhol de Estatística (INE) o desemprego no país vizinho aumentou no terceiro trimestre deste ano
para 25,02% da população activa, devido à recessão e às medidas de austeridade
registadas actualmente no país.
25% da população espanhola está desempregada
No final do mês de Setembro, Espanha tinha 5.778.100
desempregados, mais 85 mil do que no trimestre anterior. Esse facto resulta do crescente
número de pessoas que ficam sem emprego no Verão.
O número de famílias onde todos os membros estão desempregados
continua também a aumentar, atingindo 1.737.900 pessoas, o que representa um décimo das famílias espanholas.
Em comunicado divulgado ontem à noite, o Fundo Monetário Europeu mencionou que "são precisos esforços adicionais" para consolidar as contas e impulsionar o crescimento, muito por culpa das perspectivas externas e o desemprego em Portugal, que dificultam o cumprimento dos objectivos do programa de ajustamento.
Esta notificação vem num momento em que o FMI já deu o aval para a entrega da quinta tranche do empréstimo a Portugal (no valor de 1500 milhões de euros), mas revelou que a austeridade imposta aos portugueses dificilmente vai ficar por aqui.
A directora do Fundo Monetário Europeu Nemat Shafik referiu que "são necessários esforços adicionais, com o apoio dos parceiros da zona euro, para fazer avançar a consolidação orçamental e impulsionar o crescimento de longo prazo". A directora disse ainda que a dívida de Portugal diminui a margem de manobra das autoridades portuguesas, sublinhando que a revisão prevista das despesas "iria ajudar a reequilibrar o esforço de ajustamento, que se baseia actualmente sobretudo em medidas do lado da receita".
A crise na Grécia levou um reformado de 77 anos a suicidar-se diante do Parlamento grego, em Atenas. De acordo com a euronews, foi encontrada uma carta num dos bolsos do idoso em que este acusava o governo de o ter privado de recursos.
"Sou aposentado. Não posso viver nestas condições. Nego-me a procurar comida no lixo. Por isto, decidi por fim à minha vida", declarou na mensagem, publicada na íntegra pelo Jornal Espanhol "El Mundo" .
Afogado em dívidas, o homem matou-se com um tiro em praça pública, num horário de grande movimento na capital grega.
Perto de dois mil manifestantes ocuparam a praça central da cidade, Praça Sintagma, ao lado da árvore onde o homem se suicidou e aí permaneceram gritando palavras de ordem: "não foi suicídio, foi assassinato".
Em Portugal, o suicídio também tem aumentado.
Fonte: Relatório da polícia grega (segundo o jornal "Público")
O ex-candidato presidencial Manuel
Alegre saiu, esta quinta-feira, em defesa das controversas declarações
proferidas pelo dirigente socialista Pedro Nuno Santos sobre pagamento
da dívida, dizendo que irresponsabilidade "é o servilismo e seguidismo"
face ao actual projecto da Alemanha.
Pedro Nuno Santos, vice-presidente
do Grupo Parlamentar do PS, defendeu sábado à noite, em Castelo de
Paiva, que Portugal devia ameaçar deixar de pagar a dívida nacional.
"Nós
temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e
franceses - ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos. As pernas
dos banqueiros alemães até tremem", disse na altura em declarações
captadas pela Rádio Paivense FM e retransmitidas hoje pela Renascença.
Confrontado com o teor desta posição, Manuel Alegre recusou à agência Lusa que se esteja perante "um escândalo" político.
"Pelo
contrário, acho que estamos muito de joelhos e é uma questão de
dignidade dar um grito de alma. Portugal deve tentar pagar a dívida, mas
não deve aceitar estar de joelhos, transformando-se numa colónia dos
bancos alemães e da Alemanha", disse.
Para Manuel Alegre, "a Alemanha parece ter de novo um projecto imperial".
O deputado socialista Pedro Nuno Santos defendeu que Portugal não deve pagar a dívida e deixou um aviso aos banqueiros alemães e franceses: “Ou os senhores se põem finos, ou nós não pagamos“ . O líder do PS-Aveiro falava num jantar de Natal este fim-de-semana, tendo aconselhado o primeiro-ministro a ignorar os credores para poupar os portugueses a sacrifícios: “A primeira responsabilidade de um primeiro-ministro é tratar do seu povo. Na situação em que nós vivemos, estou-me marimbando para os credores e não tenho qualquer problema enquanto político e deputado de o dizer. Porque em primeiro lugar, antes dos banqueiros alemães ou franceses, estão os portugueses”, disse, em Castelo de Paiva, em declarações captadas pela Rádio Paivense FM.
Pedro Nuno Santos, que é um dos vice-presidentes da bancada parlamentar socialista, disse mesmo que Portugal tem um trunfo que pode usar: “Nós temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses - ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos. As pernas dos banqueiros alemães até tremem”.
Esta quinta-feira o governo português recebeu mais uma visita dos chefes da missão da Troika que visou avaliar o trabalho que o governo tem vindo a realizar para combater a crise que se instalou pela Europa.
Os responsáveis do BCE, FMI e Comissão Europeia deram um parecer positivo em relação ao trabalho do executivo liderado por Pedro Passos Coelho. A terceira visita está agendada para Janeiro do próximo ano.
Apesar da avaliação positiva, a Troika sugeriu que se façam cortes no sector privado, para estimular a competitividade. Os responsáveis da " Troika" aprovaram o empréstimo de mais uma tranche de 8 mil milhões de euros.
No comunicado entregue pela Troika à comunicação Social, pode ler-se ainda: "A fim de melhorar a competitividade dos custos de mão-de-obra, os salários do sector privado deverão seguir o exemplo do sector público e aplicar reduções sustentadas".
Miguel Portas quis que os eurodeputados deixassem de viajar em classe executiva
A proposta do eurodeputado do Bloco de Esquerda, Miguel Portas, para acabar com as viagens em primeira classe nos voos com duração inferior a quatro horas. foi rejeitada pelo Parlamento Europeu por 402 votos contra, 216 a favor e 56 abstenções.
A favor do fim de voar em classe executiva estiveram todos os eurodeputados do Bloco de Esquerda - Miguel Portas, Marisa Matias e Rui Tavares -, os dois da CDU - Ilda Figueiredo e João Ferreira - e quatro socialistas - Luís Paulo Alves, Elisa Ferreira, Ana Gomes e Vital Moreira. Contra o fim da regalia votaram todos os eurodeputados do PSD, José Manuel Fernandes, Paulo Rangel, Regina Bastos, Carlos Coelho, Mário David, Maria do Céu Patrão Neves e Nuno Teixeira.
Também Capoulas Santos e Correia de Campos, do PS, votaram contra o fim das viagens em primeira classe, cujo objectivo era reduzir custos.A social democrata Maria da Graça Carvalho e os dois eurodeputados do CDS-PP, Nuno Melo e Diogo Feyo, faltaram à votação, enquanto a socialista Edite Estrela absteve-se.
Lajos Bokros, um deputado conservador da Comissão de Orçamento, ironizou sobre aquilo a que assistiu na sessão plenária: "À luz da situação dificil em que Portugal está, é estranho ver um português, supostamente conservador, lutar por mais dinheiro e um português de esquerda a lutar por prudência orçamental."
Horas antes do voto na sessão plenária, Miguel Portas fez um apelo a todos os eurodeputados: "Desculpem lá, mas não é normal que deputados que viajaram sempre em económica tenham passado a fazê-lo em executiva mal os voos começaram a ser reembolsados ao bilhete e não ao quilómetro."
E acrescentou: "Eu não compreendo como é que pode haver aqui deputados que não hesitam em defender, nos seus países, políticas de austeridade e de redução do salário e da pensão, mas que quando chega ao momento de decidir sobre o seu próprio dinheiro, aí a austeridade fica à porta de casa. Isto não é sério, meus amigos. Isto é indecente e muito triste."
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, afirmou hoje em Bruxelas que será "muito mau" se Portugal se apresentar sem um forte consenso nacional na cimeira de líderes europeus nos dias 24 e 25 de Março.
Segundo Amado será "muito mau pela imagem que projecta do país e pelas dificuldades em que a economia do país se encontrará se não houver rapidamente uma solução em relação às condições" da participação de Portugal "nesta nova fase do euro".
O Ministro lamentou que não tenha havido mais esforço e responsabilidade para se chegar a um consenso nacional.
“Eu creio que estamos há demasiado tempo a jogar aos dados com o destino da economia portuguesa e dos portugueses. Creio que deveria haver mais responsabilidade política no país, tenho-o dito recorrentemente há mais de um ano", afirmou Luís Amado.
Questionado sobre a situação política interna, o Ministro considera que "o cenário que está pela frente" é o de eleições legislativas antecipadas. Mas sublinha que cabe aos deputados da Assembleia da República e também ao Presidente da República a decisão final.
Simon Johnson, professor de Economia da escola de gestão do Massachussetts Institute of Technology, defende que Portugal deve recorrer ao FMI, uma vez que os aumentos de impostos e cortes de despesa elevaram os custos da crise para a Grécia e Irlanda.
"Portugal precisa de olhar para todas as opções e uma que não é tão difícil como as pessoas supõem é ter assistência da comunidade internacional. E se quiser financiamento da União Europeia, vão pedir para envolver FMI", disse Johnson em entrevista à Lusa.
Carmen Reinhart, economista americana interveniente numa conferência do Comité de Bretton Woods sobre os riscos de contágio da crise europeia, decorrente na quinta feira em Washington, considerou inevitável que Portugal venha a recorrer ao FMI.
Quando se está sob pressão dos mercados financeiros "e se precisa de ajuda é melhor ter essa ajuda mais cedo e em melhores termos do que esperar até as coisas ficarem demasiado difíceis", afirma Simon Johnson, também membro do painel de conselheiros económicos do gabinete orçamental do Congresso norte-americano.
O economista vem defendendo há meses o recurso de Portugal ao FMI, tal como já tinha feito em relação à Grécia e Irlanda.
Para Johnson, o "factor embaraço" é o que previne actualmente as autoridades portuguesas de pedirem ajuda, até porque pode estar em causa a queda do governo, como aconteceu na Irlanda.
O economista defende que a parceria entre FMI e União Europeia tem sido "muito mais construtiva na Europa" do que noutros cenários no passado, considerando mesmo inviável que um pacote de ajuda seja oferecido sem o envolvimento da instituição financeira.